segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Introdução: "Por Que Curta-Metragem"

Ultimamente tenho lido bastante textos sobre cinema (futuramente pretendo escrever alguma lista de filme que merecem ser vistos). Vou reproduzir aqui a introdução do texto "Por Que Curta-Metragem?" escrito por Giba de Assis Brasil. O texto trata do patrão das durações dos filmes, desde do começo do cinema até os dias de hoje. Mas a parte que achei genial é justamente o de como estes patrões de tamanho sobrevivem através da história.

"Algum tempo atrás, circulou pela Internet um pequeno artigo de autor desconhecido que partia de uma indagação curiosa: por que a bitola padrão das ferrovias dos Estados Unidos é exatamente quatro pés, oito polegadas e meia? Segundo o autor do texto, esta era a bitola das ferrovias inglesas, e chegou aos Estados Unidos através dos seus colonizadores, os ingleses. E este era o padrão na Inglaterra porque, antes mesmo de existirem ferrovias, as estradas inglesas para veículos de tração animal eram construídas com sulcos desta exata largura. Bom, mas e por que as estradas inglesas eram assim? Porque este era o padrão das estradas romanas, na época em que todos os caminhos levavam a Roma, e todos os caminhos tinham sulcos escavados a quatro pés, oito polegadas e meia. Por quê? Porque os romanos movimentavam as suas tropas e os seus produtos através de bigas, que eram veículos conduzidos por uma parelha de cavalos, e, enfim, esta era exatamente a largura média de duas bundas de cavalos romanos.

O artigo terminava fazendo uma observação ainda mais curiosa: recentemente, quando engenheiros norte-americanos desenvolveram tanques de combustível sólido para os seus ônibus espaciais, eles a princípio tinham desenhado estes tanques um pouco mais largos do que eles terminaram sendo. Isso porque, para serem transportados de Utah, onde foram construídos, até a Florida, onde seriam usados, os tais tanques deveriam passar por túneis em estradas de ferro, os quais, é claro, tendo sido dimensionados de acordo com a bitola das ferrovias, não permitiriam a passagem de nada que tivesse mais de quatro pés, oito polegadas e meia. Ou seja: no fim das contas, o veículo de transporte mais moderno já desenvolvido pela humanidade teve que se adequar ao padrão determinado pelas bundas de cavalo do Império Romano.

Ora, todos estes padrões, bitolas e normas nunca são totalmente arbitrários, mas muitas vezes terminam durando muito mais do que as circunstâncias históricas em que eles foram criados. Então, sempre que a gente se perguntar por que as camisas têm seis botões, ou por que os meses têm trinta dias, ou mesmo por que os curta-metragens têm quinze minutos, na verdade o que a gente está fazendo é procurar a bunda de cavalo por trás do número."

http://www.casacinepoa.com.br/as-conex%C3%B5es/textos-sobre-cinema/por-que-curta-metragem

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