domingo, 25 de abril de 2010

O Ensino Positivista em Ijuí

A realidade social existente hoje é herança de um processo histórico, assim, a história da educação se faz importante para o entendimento desta realidade, pois o ensino reflete na formação cultural de uma sociedade.

O ensino no Rio Grande do Sul foi caracterizado pela ideologia positivista do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR). O positivismo indicava que a educação e a moralidade eram os principais elementos de garantia a ordem social. Neste sentido, foram criadas diversas instituições de ensino pelo interior do estado, como medida de formação de cidadãos acomodados à sociedade.

A educação dos filhos dos colonos foi uma preocupação que esteve presente já no inicio da formação da colônia Ijuhy. O ensino iniciou no ano de 1893 quando o professor Roberto Roeber, imigrante de origem alemã, começou a ministrar aulas particulares nos fundos do barracão da Comissão de Terras e Colonização, localizado na Rua do Comércio, esquina com a rua Sete de Setembro. Nomesmo ano foi construída a primeira escola pública, ao lado da Igraja da Natividade, embora o ensino público só tenha iniciado em 1895, quando o mesmo professor Roberto Roeber foi aprovado como professor estadual.

Uma peculariedade do sistema educacional da época era a separação dos alunos por sexo. Esta era uma tradição européia que se manteve presente na cultura do colono-imigrante. As aulas eram ministradas por professores do mesmo sexo dos alunos. A primeira professora da Colônia Ijuhy foi Belmira Terra, que chegou aqui em 1898.

Nas comunidades do interior, a falta de professores levaa a pessoa mais instruída do meio à tarefa de ensinar. Também era comum nessas comunidades que a responsabilidade de educar recaísse em quem exercia funções religiosas.

Atenção: Neste mês de maio não havera publicações. O Casa Laranja volta em junho com mais artigos sobre a história local.

domingo, 18 de abril de 2010

Comércio na Colônia Ijuhy

Ijuí destaca-se atualmente por ser um importante centro comercial do Estado do Rio Grande do Sul. A atividade comercial se desenvolveu ao longo dos anos, ou seja, a atual conjuntura é resultado de um processo histórico. A Casa Dico merece destaque nesta história não apenas por ser a primeira casa comercial de Ijuí, mas também por sua fundação ser de fundamental importâmcia para o desenvolvimento da colônia Ijuhy.

Fundada em 1890 (mesmo ano da colônia Ijuhy), por Antônio Soares de Barros, o Coronel Dico, e seu irmão Salatiel, a casa comercial era mais propriamente um bolicho de tábuas pregadas horizontalmente, e dentro dele, um tosco balcão e algumas rudes prateleiras. Para começar o negócio, Dico e Salatiel adquiriram de Franklin Veríssimo uma pipa de cachaça, parte à vista e parte a prazo, além de outras mercadorias como sabão,açucar, etc. Dico ficou encarregado de tomar conta da venda, enquanto seu irmão Salatiel, que residia em Cruz Alta, redigia a correspondência encaminhando pedidos de mercadorias às firmas de Porto Alegre.

O desconhecimento dos idiomas estrangeiros falados pela maioria dos colonos foi um dos maiores problemas enfrentados por Dico em Ijuí, pois era uma colônia de imigrantes de diversas nacionalidades. Esta particulariedade levou a contratação do primeiro empregado do estabelecimento, o polonês Ladislau Jachowski, conhecido como "organista". Na época, os imigrantes recém chegados em Ijuhy compravam, da Comissão de Terras e Colonização, os lotes rurais e recebiam créditos necessários para compra de ferramentas de trabalho. Estes créditos eram gastos obrigatoriamente na Casa Dico, deste modo, o negócio progredia, tanto que em 1900, a firma já se instalava em uma casa de alvenaria na esquina da Rua do Comércio com a Rua Sete de Setembro.

Além de desempenhar a função de venda de produtos manufaturados, a casa comercial comprava e revendia produtos coloniais, desempenhando assim papel importante para economia da região. Em 1925, a agência Chevrolet é incorporada a Casa Dico, que mais tarde transfere sua matriz para Porto Alegre.

domingo, 11 de abril de 2010

A velha usina do rio da ponte

A energia elétrica é um fator importante para o desenvolvimento industrial e conforto da população de um município. Em Ijuí a energia começou a ser fornecida em 1917, por meio de um gerador de propriedade de Carlos Reimann, sendo usada para iluminar a cidade das 18h às 24h, além de fornecer luz para algumas casas particulares. Na época, a Intendência Municipal já tinha a intenção de fazer uma usina hidroelétrica aproveitando uma das quedas d'água do rio da Ponte (hoje Potiribu). A instalação desta usina, de caráter público, baratearia a produção industrial da região e traria um ar de modernidade à vila, além de contribuir com um salto positivo aos cofres municipais.

O projeto da hidroelétrica ficou a encargo da Sociedade Comercial e Indústrial Suíça no Brasil, de Porto Alegre, e o material necessário para a construção foi comprado da Firma Luchsinger e Cia, também de Porto Alegre. A usina começou a funcionar em 1923 atendendo 167 residências e movimentendo nove motores industriais, além de disponibilizar a iluminação pública. A alta produção de energia levou o município a vender força e luz para Santo Ângelo, através de um contrato com a firma Rosa, Bos e Cia.

O crescimento da cidade e a necessidade de maior potência para alimentar as indústrias municipais levaram o então intendente municipal, Antônio Soares de Barros, a constatar a necessidade da instalação de uma segunda turbina, que começou a funcionar em 1931. Há de se destacar também que outras formas de energia, como a hidráulica e a vapor, continuaram sendo empregadas em indústrias fora da vila. A usina sobre o rio Potiribu, conhecida como Usina Velha, é a hidroelétrica mais antiga em funcionamento no Rio Grande do Sul.

domingo, 4 de abril de 2010

A Fabricação de Bebidas

Neste mês de abril não estou tendo muito tempo para escrever. Portanto, postarei para você amigo leitor, alguns textos antigos publicados no Jornal de Manhã de Ijuí.

No desenvolvimento de Ijuí, a produção de bebidas se destaca não apenas como prática econômica, mas também como importante atividade cultural exercida pelo colono imigrante, que trouxe para nossa região as tradições e costumes de sua região de origem. Percebe-se o predomínio do colono alemão na fabricação de cerveja e do colono italiano no ramo do vinho.

No início, a produção de bebidas era um ramo artesanal, havia uma grande quantidade de pequenas fábricas de vinho e cachaça. Os colonos utilizavam a produção de bebidas junto com a atividade agrícola, como forma de complemento da economia colonial. A mão-de-obra utilizada na produção era em geral a familiar, embora alguns, que contavam com grande áreas de cultivo de cana-de-açúcar, essencial para produção da aguardente utilizassem a barata mão-de-obra cabocla.

Com o tempo, a produção passou de uma economia de artesanato rural para uma fase de economia mais industrial. Destaca-se entre as indústrias da época a Cervejaria de Ernesto Werner, produtora das cervejas Stout e Modelo, água mineral e gasosas. Em 1940 a firma contava com cerca de 20 empregados, apresentando grande rotatividade entre eles. A maior parte da mão-de-obra era empregada no engarrafamento e lavagem de garrafas, função esta que contava com um tambor movido a energia elétrica.

A década de 30 se destaca pelo surgimento da Cooperativa Ijuiense dos Produtores de Álcool e do consórcio profissional-cooperativa (vitivinícola). A criação destas associações de agricultores e produtores mostra o interesse destes em se organizar contra a concorrência dos produtos externos.