domingo, 27 de dezembro de 2009

"Um Gato de Andaluz"

"Um Cão de Andaluz" de 1928 - O corte do globo ocular.

Uma Navalha cortando um globo ocular. Esta cena do filme do diretor Luís Buñuel, Um Cão de Andaluz de 1928, é sem duvida uma das mais impactantes imagens do cinema. O que representaria? Tentativa de chocar a plateia ou uma visão de submissão da mulher ao homem, sendo que não a nenhuma reação da mulher que tem seu olho vazado. Outras cenas mostram o mundo concebido pelos roteiristas Buñuel e Salvador Dali; imagens impactantes e surreais (uma cavalo morto em um piano, formigas saindo da mão de alguém...), emborra o filme siga uma narrativa clássica, apresentando ligações entre estas cenas com certa lógica.

Mas o que quero contar amigo leitor é uma cena que vi estes dias, talvez não tão impactante quanto uma navalha cortando um globo ocular, mas foi uma cena real, não vista em um quadrado mágico que apresenta imagens. Estava eu a ler um livro sentado confortavelmente em uma cadeira, quando um dos inúmeros gatos que tenho atacou o outro. A garra perfurou o olho do outro gato, e uma poça vermelha se formou em minha frente. Fui socorrer o gato. O coitado tremia. Felizmente ele se recuperou rápido. Mas a imagem daquele olho jorrando sangue, posso disser que foi incrível.

Percebo como a mente humana é cruel. Aposto que se disse-se a você amigo leitor, que enforcaram alguém na praça, e que seu corpo ainda esta pendurado em uma árvore, você primeiramente teria um sentimento de espanto, depois de repulsa a quem praticou o ato, e logo de curiosidade de ir ver.

Cenas de cinema, como a de o Cão de Andaluz são sim impactantes, mas se tornaram comum no cinema de hoje, e desta forma já não chocam tanto. Histórias de reportagens são impactantes por serem reais, mas na maioria das vezes não apresentam as imagens que a nossa mente capta como repulsivas, e mesmo assim, são historias distantes. Talvez por isso que a imagem de um olho de um gato jorrando sangue na minha frente, e este tremendo no meu colo, foi mais chocante que a queda de uma menina de um prédio ou de um globo ocular sendo cortado por uma lamina.

P. S: O gato passa tão bem que vou até aplicar a lei de Murphy a ele colocando um pão com mandeiga em suas costas e joga-lo para cima para ver se ele sai voando.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Ferozes Jagunços!

Em seus olhares a nação via o perigo... Mas eu vejo apenas o medo e a luta.

A nação não podia admitir, que uma pequena comunidade no sertão nordestino, servi-se de exemplo contra os ideais de modernidade do final do século XIX. O caudilhismo monarquico afrontava a nova republica, então deveria ser reprimida de qualquer forma. Os jagunços de canudos representavam um perigo para a ordem e para o progresso da nação brasileira. Uma comunidade conduzida por um doido fanático e formada por loucos violentos. Ali reinava a não razão, justifica-se assim o emprego da força, a reação dura e violenta, como forma de impor a ordem, de fazer triunfar a razão, a lei e a civilização. Estavam cometendo a maior chacina da história brasileira.

Canudos, visto como um antro de bárbaros tendo em frente Antônio Vicente Maciel, o Antônio Conselheiro, foi desta forma, aniquilada pelas tropas federais em 1897, após três empreitadas militares mau sucedidas. A terceira expedição era comandada pelo coronel Antônio Moreira César, considerado pelos militares homem de grande sabedoria em batalhas, foi morto pelos homens de Canudos. A quarta expedição do exercito conseguiu finalmente a vitoria, era composta por 10 mil homens e um canhão gigantesco chamado "A Matadeira". Todos os habitantes do arraia de Canudos morreram, os que foram presos, sendo estes homens, mulheres ou crianças foram sumariamente degolados.

Mas quem foi Antônio Conselheiro? Para as tropas federais e jornais do Rio de Janeiro foi um fanático religioso doido monarquista; para os homens de Canudos foi um profeta homem santo. Mas a história deve ver outras faces de conselheiro: o estrategista militar (Canudos resistiu a três expedições militares do exercido federal, contando apenas com armas simples) e o líder camponês marxista (a terra não tinha dono, era de quem trabalhasse nela, assim, todos tinham direito a terra para a sua própria subsistencia, sendo que também ajudavam a comunidade e recebiam ajuda desta).

Morreram em Canudos cerca de 30 mil pessoas, pelas mãos do "nobre"exercito brasileiro. Pessoas simples, que só queriam um solo onde plantar, colher e viver. No final, como mostra Euclides da Cunha em seu livro "Os Sertões":

"...Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados."

Assim, Canudos representa um exemplo de resistência e de organização popular, um projeto de vida comunitária e de luta pela terra. Terra que é até hoje negada, terra que é até hoje motivo de luta de movimentos populares.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Os Palavrões da Política Brasileira


Cavalaria em disparada em direção aos estudantes, gás lacrimogênio, bombas de efeito moral, estudantes sendo espancados... As Cenas de ditadura voltaram. A repressão da Policia Militar sobre estudantes que estavam fazendo protesto contra o governador do Distrito Federal, José Arruda (DEM) revelam o quanto e frágil nossa democracia. A Polícia diz ter reagido por que os manifestantes interromperam uma das avenidas da capital. Querem o que? Que os manifestantes protestassem na calçada? Agora não podemos mais protestar na ruas? Nem bloquear o transito para chamar a atenção das pessoas (e da mídia) a minha manifestação? Claro que não, estariamos interferindo no livre deslocamento, na ordem e no progresso brasileiro, afinal de contas, as avenidas são as artérias da nação. Ou seja, nada de ruas, agora vamos convocar o povo para as calçadas do Brasil.

Mas o que importa que um bando de estudantes comunistas e drogados apanharam da policia. A noticia agora é outra. Nosso presidente analfabeto, cego e bêbado, agora é também um bagaceiro. Onde já se viu falar palavrão e um discurso. Para você que não sabe amigo leitor, o nosso excelentíssimo presidente falou a palavra com M. Não entendeu leitor, então feche os olhos para ler esta palavra pois se trata de uma das mais cabeludas de nosso vocabulário. O Lula falou MERDA! Isso mesmo, MERDA. "Ele só fala merda!" poderia dizer um leitor tucano ou do demo (embora eu ache que não tenho nenhum leitor nesta categoria) mas não, não, o Lula falou a PALAVRA MERDA. "Poderia ter dito fezes, e assim preservaria nossas famílias de tamanha afronta aos bons costumes!" diria um moralista.

O interessante notar como a mídia desvia o foco para assuntos pouco pertinentes. Falar palavrão! Merda agora é palavrão? Que hipocrisia filha da puta é esta? Palavrão é espancamento, repressão ou corrupção, estas sim devem ser abolidas para sempre das práticas do estado brasileiro.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Groucho Marxismo

Quem seria o maior gênio da comédia no cinema? Na década de 20 e 30, dois nomes dividiam este titulo: Charles Chaplin e Buster Keaton. Os personagens dos dois atores e diretores, dependiam de sua pandemia muda. O humor de seus filmes basicamente se fazia através das chamadas gags, cenas onde o humor é feito através de corridas, quedas e fugas, onde as falas ou são inexistentes ou ficam em segundo plano. Embora os dois tenham feitos filmes falados, e ate terem contracenando juntos em "Luzes da Ribalta" de 1952, suas obras-primas são mudas. Keaton com seu "A General" de 1927 e Chaplin com "Tempos Modernos de 1936" (embora este não seja inteiramente mudo). Ou seja, seus personagens perderam muito com a novidade do cinema falado.

Desde a década de 70, outro ator e diretor merece destaque como gênio da comédia: Woody Allen. Ao contrario de Chaplin e Keaton, Allen não utiliza gags em seu humor, mas longos diálogos analíticos. Muitos de seus filmes falam sobre neuroses comportamentais do dia-a-dia. Um de seus últimos filme "Vicky, Cristina e Barcelona" de 2008 teve boa aceitação pela crítica, mas nada que se compare com seus melhores filmes como "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" de 1977 (o titulo original é Annie Hall), "Manhattan" de 1979, "Rosa Púrpura do Cairo" de 1985 ou "Crimes e Pecados" de 1989.

Talvez os três mereçam um texto em separado aqui na casa laranja, mas quero discorrer sobre outro ator de comédia: Groucho Marx.

Groucho Marx foi um comediante americano da década de 20 e 30, e é considerado como um dos grandes mestres do humor. Junto com seus irmãos (Harpo, Chico e Zeppo) formava o grupo "Marx Brothers", fazendo comédias teatrais na Broadway, satirizando instituições e a hipocrisia humana, através de musicas e frases marcantes. Os espetáculos dos Irmãos Marx se tornaram populares quando Hollyhood fez a mudança do cinema mudo para o cinema falado. O grupo assinou então um contrato com a Paramont e mais tarde com a MGM, realizando cerca de 20 filmes. Entre as obras-primas estão "Diabo a Quatro" (Duck Soup) de 1933 e "Uma noite na ópera" de 1935.

O nosso gênio do humor tem algumas características típicas, um andar desinibido, estar sempre com um charuto, e bigodes e sobrancelhas notavelmente pintadas, e é claro as suas frases geniais:

"O segredo do sucesso é a honestidade. Se você conseguir evitá-la está feito!"

"Inteligência militar é uma contradição em termos."

"O casamento é a principal causa do divórcio."


"Há tantas coisas na vida mais importantes que o dinheiro! Mas, custam tanto!"


"Para mim, a televisão é muito instrutiva. Quando alguém a liga, corro à estante e pego um bom livro."


"Nunca me esqueço de um rosto, mas, no seu caso, vou abrir uma exceção."


"Eu não freqüento clubes que me aceitem como sócio."


"Eu pretendo viver para sempre, ou morrer tentando."


"A grande maioria das mulheres não aprecia variações promiscuas, ou tive muita pouca sorte."


"Um gato preto cruzando seu caminho significa que ele está indo a algum lugar."


"Todo mundo precisa crer em algo. Creio que vou tomar outra cerveja."


"Atrás de todo homem bem sucedido, existe um mulher. E, atrás desta, a mulher dele."


"Do Momento em que peguei seu livro até o que larguei, eu não consegui parar de rir. Um dia pretendo lê-lo."


"Por que eu deveria me preocupar com a posteridade? O que ela já fez por mim?"

"Justiça militar está para justiça, assim como música militar está para música."

"Estes são meus princípios. Se você não gosta deles, tenho outros!"


Groucho Marx

domingo, 29 de novembro de 2009

Nem Forca, Nem Faca...

Vladímir Maiakóvski

Maiakóvki, poeta, e exatamente por isso interessante. Um dos principais integrantes do movimento futurista russo, Maiakoski foi fortemente influenciado pelo movimento socialista de seu país. As suas obras se caracterizam por apresentar verbetes populares e uma poesia de dimensão critica-social. Mas não esta a dimensão de Maiakovski a qual quero comentar. Para vocês entenderem caro leitor, nosso poeta era também um boêmio.

"Melhor
morrer de vodka
do que de tédio!
"

Estes simples versos do poema "A Sierguéi Iessiênin" mostram a genialidade de Maiakovski. Seu principal seguidor neste ponto foi Bonham (baterista do Led Zeppelin), que encontrou a morte sufocado no próprio vomito após beber 40 doses de vodka. Dizem que Hendrix também encontrou a morte assim após beber vinho, mas esta é um outra estória...

"A Sierguéi Iessiênin",
poema de Maikóvski foi a resposta do poeta e um amigo, também poeta. Cabe conhecer aqui a história de morte de Sierguéi Iessiênin. Destruído pela bebida, pela depressão que o atormentava e sofrendo com alucinações após uma semana internado em um hospício, Iessiênin cometeu suicídio em 1925. Antes disto, escreveu um poema para seu amigo Maiakovsi:

"Até logo, até logo, companheiro,
Guardo-te no meu peito e te asseguro:
O nosso afastamento passageiro
É sinal de um encontro no futuro.
Adeus, amigo, sem mãos nem palavras.
Não faças um sobrolho pensativo.
Se morrer, nesta vida, não é novo,
Tampouco há novidade em estar vivo."

Cinco anos após Iessiênin escrever estes versos, Maiakóvki sucumbe a melancolia e também comete suicídio. Tenho certeza que os dois poetas estão hoje no céu tomando uma vodka (juntos com Bonham). A melancolia leva as pessoas ao suicídio. Com certeza o tédio é o pior inimigo humano. Por isso, nem forca, nem faca, tiro ou veneno... a melhor forma é a vodka! Satisfação e relaxamento garantidos antes do fim.

domingo, 22 de novembro de 2009

As Ciências Sociais e a Formação Crítica - Conclusão

"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo."
Carlos Drummont de Andrade

Os Projetos políticos-pedagogicos das escolas expressam a importância, na prática pedagógica, desta formação crítica, Ética, política e cultural, sendo assim, a ciência social se torna imprescindivel na escola, por dar subsídios a esta formação. Mas ao mesmo tempo em que a ciência social configura esta fundamentação na escola, percebe-se que a cultura escolar não concebe toda a importância à mesma. Componentes como a história e geografia, que fazem parte da área das ciências sociais, têm geralmente carga horária menor que componentes de cunho mais técnico, como matemática ou física. A escola estimula muito mais a qualificação técnica, e as ciências sócias assumem, muitas vezes, o papel de curso preparatório para vestibular.
Embasado em todas estas afirmações, conclui-se que a ciências sociais têm papel fundamental na prática pedagógica, no conhecimento cultural, na formação da ética, da cidadania e da crítica social.

REFERÊNCIAS:

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários a prática educativa. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura).
MARQUES, Mario Osorio. Botar a boca no mundo: cidadania, política e ética. Ijuí: Ed. Unijuí, 1999 (Coleção Ciências Sociais).
CORTELLA, Mario Sergio. A Escola e o Conhecimento: Fundamentos epistemológicos e políticos. 3. ed. São Paulo: Ed. Cortez: Instituto Paulo Freira, 2000. (Coleção Prospectiva; 5).
Ducumentos consultados na escola (Regimento Interno, Projeto Político Pedagogico, Plano de Estudos).

domingo, 15 de novembro de 2009

"A arte de cuspir ou (A dialética dos porcos)"

Pintura de W. Blake - Nebukadnezar (1795)

"Não se trata de ingressar no rebanho niilista, nem de criar um novo passatempo para discípulos de Schopenhauer, de Cioran, do budismo, do gnosticismo, dos adventistas ou do quer que seja. Apenas desejo apontar alguns truques e colocar a descoberto algumas das artimanhas que vêm sendo escamoteadas há séculos pelos estelionatários da moral , pelos comerciantes das leis e dos saber, bem como por outros rufiões da modernidade."


Esta é a introdução do livro "A arte de cuspir ou (A dialética dos porcos)", de Ezio Flavio Bazzo. Conheci o autor em julho deste ano, no congresso da União Nacional dos Estudantes, em um dos meus passeios pelo campus da UnB, após um debate acalorado sobre reforma politica. Como passava grande parte do tempo nas longas filas do congresso, fui atrás de um livro para ler nestes momentos. Teria que ser um livro com textos curtos, poesia, cronicas, talvez uma revista ou um gibi. Foi então que vi um velho vendendo livros, eram suas próprias obras sobre cetisismo e a condição humana. Conversei com o anarco-velho, e comprei dele no valor de 10 contos de reais uma de suas obras. Eram frases avulsas, escritas em suas viagens, e apresentava um universo niilista incrível. Em suas orelhas (nas do livro, não nas do velho) havia um texto de uma ator de ficção cientifica belga chamado
Jacques Sternberg, transcrevo abaixo o texto para vocês entenderem um pouco do espírito da obra:

Teoricamente, o homem é um ser humano.
Praticamente, é um tubo furado nas duas extremidades.
Mecanicamente, é um corpo pesado que rola de um abismo a outro.
Biologicamenta, é um esqueleto hábil.
Poeticamente, é um herói de sorriso doce.
Comercialmente, é um pedaço de bife de mais de 50 quilos com muita banha e muitos resíduos.
Quimicamente, é uma mistura de água de sangue e de ar.
Temporalmente, é um relógio feito para parar um dia.
Financeiramente, é uma conta ao revés que sonha ter uma conta no banco.
Culinariamente, é o prato preferido que devora a si mesmo.
Historicamente, é um cadaver de um verdugo ou de uma vítima.
Teatralmente, é o interprete monocorde de um monólogo sem interesse.
Geometricamente, é uma subtração final que se toma por uma adição.
Industrialmente, é uma máquina para fazer girar as maquinas.
Sideralmente, é uma merda de mosca perdida no meio das galáxias.
Publicitariamente, é a mais nobre conquista do detergente.
Religiosamente, é o altofalante do invisível e do inexistente.
Politicamente, é um catavento que indica de onde vem a palavra.
Cientificamente, é a prova mais recente da morte.
Cronologicamente, é um grande macaco que luta para inventar-se um porvir.
Musicalmente, é um canal Hi-Fi que só retransmite sons inuteis e discordantes.
Superlativamente é um ser pensante.
Geologicamente, é um futuro fóssil.
Originalmente, é um pequeno "nada" que quer ser um "tudo".
Cumulativamente, é um morto ainda em vida.
Juridicamente, é um culpado deixado em liberdade em sua prissão pessoal.
Abstratamente, é uma entidade que acredita ser uma ideia.
Esteticamente, é uma flagrante falta de gosto.


"A arte de cuspir ou (A dialética dos porcos)", obra anarco-niilista, tratado sobre o ser humano, nas palavras do autor: "cuspir é uma arte perversa".

domingo, 8 de novembro de 2009

As Ciências Sociais e a Formação Crítica - Parte 3

"Ei! Professores! Deixem essas crianças em paz!"

Destaca-se também o papel politico da ciência social. A contribuição através da construção, socialização e difusão de conhecimento, para a formação e vivência da cidadania, habilitando o sujeito a entender a sociedade e propor mudanças para qualificá-la. Esta construção da cidadania, sé é possível através da gestão democrática da escola, ou seja, os alunos ajudando a pensar as questões que permeiam a comunidade escolar. É importante também a formação critica e ética para esta construção da cidadania. Assim, o ensino da ciência social é imprescindivel para um entendimento da realidade, e para a transformação qualificativa da sociedade, através da ação da cidadania. Esta importância cresce ainda mais se avaliarmos o momento histórico que vivenciamos. Depois de anos de ditadura, a abertura democrática proporcionou a liberdade e a necessidade de atuação popular no espaço social.

A formação cultural também é um dos princípios que norteiam a ciência social. A cultura surge das relações humanas com o mundo, desta forma, todo sujeito possui cultura, não existindo apenas uma cultura elitista. A sociedade é formada por uma variedade muito grande de culturas, cabe à ciência social mostrar esta variedade, para que o sujeito respeite-as e não crie preconceitos culturais.

"A cultura é um produto procedente de uma capacidade essencial a qualquer individuo e por todos nós realizada. É absurdo supor que alguém não tenha cultura, tal concepção, é uma discriminação que interpreta o conceito de cultura apenas no seu aspecto intelectual, não levando em conta as várias produções humanas." (CORTELLA, 2000: 42).

domingo, 1 de novembro de 2009

"Teoria do Gato Flutuante"


Teoria é um conhecimento especulativo, uma hipótese. Os indivíduos e grupos produzem suas verdades. A comprovação cientifica de uma teoria é apenas mais uma visão sobre o objeto em questão. A ciência, se torna em muitos casos mais dogmática que a religião. A verdade cientifica não é nada mais que uma verdade de um determinado grupo, uma ideia, uma teoria. Eu particularmente sou um cético. Tenho minhas próprias incertezas, você amigo leitor, pode ter suas certezas, verdades eternas, sejam elas cientificas ou espirituais. Posso não concordar com você, mas respeito seu ponto de vista. Não me peça para acreditar porque sua teoria tem valor cientifico ou simplesmente porque você acha que é uma verdade. Teorias são simplesmente teorias.

Uma teoria que não consigo compreender é a teoria da relatividade especial de Einstein, esta comprovada pelo o mundo da ciência. Segundo a teoria, ao viajar em uma velocidade próxima a da luz, haveria uma dilatação temporal, ou seja, o tempo passaria de forma diferente para o objeto em viagem em relação a um objeto externo (para o segundo o tempo iria passar mais lentamente). Não sei como Einstein chegou a esta teoria, mas para mim parece uma ideia absurda (assim como tantas outras), um chute do gênio. Um momento de delírio após uma vodka.

Outra ideia interessante é a teoria do caos, usada para explicar sistemas complexos, dinâmicos e inexplicáveis. Sistemas que por uma série de fatores são instáveis. Onde qualquer pequena alteração, pode provocar grandes mudanças: "O bater das asas de uma borboleta num extremo do globo terrestre , pode provocar uma tormenta no outro extremo no intervalo de tempo de semanas." A ideia de explicar o caos também me parece absurda. Mesmo assim, estas duas teorias: a da relatividade e a do caos me fascinam. Muito mais pela suas possibilidades de criação de ideias ficcionais e poéticas do que como ideia cientifica.

Agora vamos para onde eu queria chegar. "A teoria do gato flutuante".

Como vocês todos sabem amigo leitor, os gatos caem sempre de pé. A transmissão das mensagens nervosas entre os ouvidos, os olhos, os músculos e as articulações do gato ocorre muito rapidamente, permitindo que estes tenham um apurado senso de equilíbrio.

A lei de Murphy, é um dos princípios que fundamenta as leis do universo. Segundo ela: "Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível. E se algo pode dar certo, tem grandes chances de dar errado." Estes princípios, caro leitor, tenho certeza que vocês já o confirmaram de forma pratica, se não o confirmaram, tenham certeza que o confirmaram em breve. Para você entender melhor a lei de Murphy, leia alguns pontos teóricos em: http://desciclo.pedia.ws/wiki/Lei_de_Murphy
Para entender a teoria do gato flutuante, um ponto teórico merece ser destacado: "O pão sempre cairá com o lado da manteiga virado para baixo."

A teoria do gato flutuante consiste em um confronto entre as duas ideias acima: O que acontece se eu amarrar um pão com manteiga nas costas de um gato? A biologia diz que os gatos sempre caiem de pé. Segundo a lei de Murphy, o pão cai sempre com a manteiga virada para baixo. Haveria um equilíbrio de força, ou seja, o gato sairia voando. A teoria nunca foi confirmada cientificamente, mas devemos admitir que possui uma base teórica bem fundamentada, sendo mais fácil de acreditar do que uma dilatação temporal ou de uma teoria que busca explicar o inexplicável.


Manuscrito Original da "Teoria do Gato Flutuante".


domingo, 25 de outubro de 2009

A Leveza e o Peso

Uma ideia que me fascina e a de uma conjunção entre filosofia, politica, literatura e sexo. Nestas perspectivas, o livro de Milan Kundera, intitulado A Insustentável Leveza do Ser, publicado em 1984 mostra de uma forma apaixonante esta harmonia. A história se passa em Praga e em Viena, em 1968. Narra os amores e relações, principalmente através da ótica do imaginário de quatro pessoas: Tómas, Teresa, Sábina e Franz. A obra também mostra o clima de tensão politica que pairava em Praga, permeada pela invasão Russa à checoslováquia, episódio conhecido como a Primavera de Praga.

O autor do livro "A Insustentável Leveza do Ser", Milan Kundera.

Kundera utiliza conteúdos filosóficos em seus textos. Seu estilo narrativo por vezes sai da história em si, e leva para um comentário, esclarecendo o leitor sobre o terreno filosófico e psicológico em que a história se desenrola. As referência a autores da tradição filosófica como Nietzsche e Parmênides situam o enredo do romance, submetendo as situações narradas à uma análise filosófica.

A ideia da dualidade ontológica vem do filosofo pré-socrático Parmênides. Segundo ele, o universo está dividido em partes contrarias: luz/trevas, quente/frio, o ser/o não ser... Ele considerava que um dos pólos da contradição é positivo (luz, quente, o ser...) e o outro e negativo. Na contradição leveza/peso, Parmênides respondia que o leve é positivo, e o pesado é negativo. Porem, na sua obra, Kundera submete esta ideia a uma investigação: "Parmênides teria a razão?". O que escolher? O peso ou a leveza?

Kundera Diz: "O mais pesados dos fardos nos esmaga, verga-nos, comprime-nos contra o chão. Na poesia amorosa de todos os séculos, porém, a mulher deseja receber o fardo do corpo do masculino. O mais pesado dos fardos é, portanto, ao mesmo tempo a imagem da realização vital mais intensa. Quanto mais pesado é o fardo, mais próxima da terra esta nossa vida, e mais real e verdadeira ela é.".

Sobre a leveza, o autor comenta: "...a ausência total de fardo leva o ser humano a se tornar mais leve que o ar, leva-o a voar, a se distanciar da terra, do ser terrestre, a se tornar semi-real, e leva seus movimentos a ser tão livres como insignificantes.".

Para esboçar esta ideia, Kundera utiliza o personagem Tómas como a metáfora do leve, e Teresa como a metáfora do Peso. Tómas, levava uma vida sem comprometimento politico ou afetivo, até conhecer Teresa. A partir de então Tomas experimenta o peso opressivo do engajamento.


Kundera apresenta também a ideia do eterno retorno da filosofia nietzscheana, um escapismo para o arrempedimento que pode decorrer da escolha entre a leveza e o peso. A ideia diz respeito à possibilidade das situações existenciais repetirem-se indefinidamente no tempo, por força de uma finitude das possibilidades frente a infinitude do tempo. "O mito do eterno retorno afirma por negação, que a vida que desaparece de uma vez por todas, que não volta mais, é semelhantes a uma sombra, não tem peso, está morta por antecipação, e por mais atroz, mais bela, mais esplêndida que seja, esta atrocidade, essa beleza, esse esplendor não tem o menor sentido". A ideia do eterno retorno assume então uma espécie de convite a vida, já que esta não tem nenhum sentido, e esta fadada ao esquecimento e a desaparecer.

Desta forma, o escolha entre a leveza e o peso torna-se, segundo Kundera a mais misteriosa e ambígua de todas as contradições humanas.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

As Ciências Sociais e a Formação Crítica - Parte 2

Paulo Freire, autor do livro "Pedagogia da Autonomia".

É função das ciências sociais também o de ensinar o caminho das pedras, ou seja, dar subsídios na busca de informações. A mídia interativa (Internet) é um importante meio nesta busca, pois ela proporciona certa autonomia ao individuo, diferentemente de outras mídias passionais como a televisão e o rádio. Assim, a função do educador em ciências sociais é levantar o diálogo com relação às informações que a mídia apresenta, e auxiliar na busca de informações pertinentes.
A formação de indivíduos críticos deve ser a base do fundamento das ciências sociais. A constituição de sujeitos autónomos, que construam seus próprios conceitos e argumentos em defesa dos mesmos. Esta formação só é possível através da problematização do conteúdo por parte do educador. Os conceitos construídos através da reflexão das problemáticas criadas devem ser socializados e sistematizados, contribuindo desta forma para uma visão critica e qualificada da sociedade.
A ciência social, para atingir esta função crítica capaz de fazer uma análise da realidade, precisa incentivar a pesquisa, habilidade necessária para qualquer aquisição de conhecimento. Somente a pesquisa, a observação dos fatos, o confronto de informações fará que o discente chegue a uma visão consciente da sociedade.
A formação crítica não pode ser feita a distância de uma formação ética. O profissional em educação precisa assumir valores éticos como elementos imprescindíveis na constituição dos sujeitos. A ética a que me refiro, não é a da obediência aos interesses das classes opressoras, mas a ética universal, a humanista, que condena a hipocrisia, o cinismo e o preconceito.

domingo, 18 de outubro de 2009

No Terceiro Rugido do Leão

Baseada no romance infantil de L. Frank Baum, escrito no fim do século XIX, O Mágico de Oz é um clássico eterno e um dos grandes contos de fada do cinema. Sua popularidade foi impulsionada na década de 50 por conta de suas exibições natalinas na telivisão americana, o que tornou o filme um dos mais queridos de todos os tempos. Dirigido por Victor Fleming, o filme de 1939 conta a estória de Dorothy Gale, interpretada pela atriz Judy Garland (com os seios presos numa cinta para parecer mais jovem), que junto com seu cão Totó é arrancada do Kansas (em tons sépia) por um tornado e vai para a terra de Oz (representada nas cores vibrantes do tecnocolor). Dorothy então segue pela Estrada de Tijolos Amarelos em direção a cidade esmeralda, para encontrar o Mágico de Oz e pedir que ele mostre o caminho de volta para o Kansas. No caminho juntam-se a Dorothy, o Espantalho, o Homem de Lata e o Leão.

O Mágico de Oz, filme da MGM de 1939.

Dark Side of the Moon (o lado sombrio da lua) é um álbum conceitual de 1973 da banda inglessa Pink Floyd, que fala sobre pressões da vida, como tempo, guerra, dinheiro, loucura e morte. É considerado por muitos críticos como sendo a obra prima da banda. O álbum foi um marco do rock progressivo e psicodélico, sendo o nono disco mais vendido de todos os tempos.

Capa do disco Dark Side of the Moon do Pink Floyd.

Em agosto de 1995, um jornal em Fort Wayne, indiana, publicou um artigo sobre um efeito surprendente relacionado ao álbum de 1973 do Pink Floyd, e o filme de 1939, O Mágico de Oz. O efeito ficou conhecido como Dark Side of the Rainbow (o lado sombrio do arco-íris), e consiste numa sincronia entre os dois. Quando o filme começa, e o Leão da Metro-Gold-Mayer dar o seu terceiro rugido, e neste momento dar-se play no disco, uma mágica acontece! O efeito reside no fato de que há diversos momentos em que uma obra corresponde a outra, seja por parte das letras das músicas ou pela sincronia áudio-visual. A própria capa de Dark Side of the Moon que traz um prisma com um feixe branco e outro multicolorido saindo de suas extremidades, seria referência a mudança de cor do sépia do Kansas para o colorido de Oz.

Os membros do Pink Floyd repedidamente insistem que o fenômeno é pura coincidência. Numa entrevista em 1998, o guitarrista e vocalista David Gilmour negou que o disco foi feito intencionalmente para ser sincronizado com Oz, diznedo que "algum cara com muito tempo livre teve esta ideia de combinar O Mágico de Oz com Dark Side of the Moon".

Intencional ou não o fenómeno Dark Side of the Rainbow se tornou um cult psicodelico e merece ser apreciado.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

As Ciências Sociais e a Formação Crítica - Parte 1

"Nós não precisamos de nenhum controle."

Hoje é dia do professor, esta classe tão prestigiada em nosso país [Ironia]. Como todos sabem, a educação esta em crise no Brasil desde que Cabral achou as terras tupiniquins. Claro que tivemos vitorias nesta longa caminhada do ensino brasileiro, conquistamos o direito a educação básica (ensino fundamental e médio) e nos últimos anos o ProUni, dando a oportunidade de diversas pessoas ingressarem no ensino superior. Porém, a educação no país enfrenta dificuldades quanto a sua qualidade. Professores com sálarios baixos, enfrentando turmas de até 40 alunos! [né dona Yeda] A dificuldade no ensinar é evidente. O texto abaixo foi publicado no Caderno Unijuí - Laboratório de Ciências Sociais no.3, organizado pela turma de estágio curricular supervisionado: a escola. O texto é grande então tive que separá-lo em partes. Não perca as próximas.


Qual a função das ciências sociais na escola e dos componentes curriculares que fazem parte desta área do saber? Qual a contribuição na fomação do individuo? Como pensar a ciências social no contexto de sociedade globalizada e neoliberal em que estamos inseridos? Onde a formação tecnológica se torna mais importante que a formação crítica, ética, politica e cultural?

A globalização e o desenvolvimento da tecnologia da comunicação trouxeram uma série de informações provenientes de vários espaços. Este paradigma que deveria ser benéfico, por apresentar aos discentes uma gama muito grande de opiniões, se tornou um problema, pois quem controla os principais meios de comunicação são os neoliberais, que baseiam suas infomações na ideologia do consumo e na apolitização do povo.

A ciência social tem, neste sentido, o objetivo de gerar a discução sobre os assuntos que a mídia repassa. O discente tem que saber que as infomações que os meios de comunicação transmitem, podem defender interesses de certas classes, principalmente das classes dominantes, e por isto, serem falsas e omissas. O papel do docente em ciências sociais é o de desmitificar a mídia, conscientizar que a mídia não é dona da verdade.

"O que importa é discutir as mensagens para controlá-las em suas muitas possibilidades de interpretações. Em especial, impõe-se a eliminação do isolamento dos receptores individuais pela auto-organização deles no processo de aprendizagens coletivas". (MARQUES: 1999, p.83).

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Bem Vindos a Casa Laranja


Este é um espaço onde eu, na minha humilde intelectualidade, vou expor um pouco das minhas produções textuais, pesquisas e ideias. Espero que gostem, vou tentar mante-lo sempre atualizado. Estou aberto a criticas e sugestões.