domingo, 27 de dezembro de 2009

"Um Gato de Andaluz"

"Um Cão de Andaluz" de 1928 - O corte do globo ocular.

Uma Navalha cortando um globo ocular. Esta cena do filme do diretor Luís Buñuel, Um Cão de Andaluz de 1928, é sem duvida uma das mais impactantes imagens do cinema. O que representaria? Tentativa de chocar a plateia ou uma visão de submissão da mulher ao homem, sendo que não a nenhuma reação da mulher que tem seu olho vazado. Outras cenas mostram o mundo concebido pelos roteiristas Buñuel e Salvador Dali; imagens impactantes e surreais (uma cavalo morto em um piano, formigas saindo da mão de alguém...), emborra o filme siga uma narrativa clássica, apresentando ligações entre estas cenas com certa lógica.

Mas o que quero contar amigo leitor é uma cena que vi estes dias, talvez não tão impactante quanto uma navalha cortando um globo ocular, mas foi uma cena real, não vista em um quadrado mágico que apresenta imagens. Estava eu a ler um livro sentado confortavelmente em uma cadeira, quando um dos inúmeros gatos que tenho atacou o outro. A garra perfurou o olho do outro gato, e uma poça vermelha se formou em minha frente. Fui socorrer o gato. O coitado tremia. Felizmente ele se recuperou rápido. Mas a imagem daquele olho jorrando sangue, posso disser que foi incrível.

Percebo como a mente humana é cruel. Aposto que se disse-se a você amigo leitor, que enforcaram alguém na praça, e que seu corpo ainda esta pendurado em uma árvore, você primeiramente teria um sentimento de espanto, depois de repulsa a quem praticou o ato, e logo de curiosidade de ir ver.

Cenas de cinema, como a de o Cão de Andaluz são sim impactantes, mas se tornaram comum no cinema de hoje, e desta forma já não chocam tanto. Histórias de reportagens são impactantes por serem reais, mas na maioria das vezes não apresentam as imagens que a nossa mente capta como repulsivas, e mesmo assim, são historias distantes. Talvez por isso que a imagem de um olho de um gato jorrando sangue na minha frente, e este tremendo no meu colo, foi mais chocante que a queda de uma menina de um prédio ou de um globo ocular sendo cortado por uma lamina.

P. S: O gato passa tão bem que vou até aplicar a lei de Murphy a ele colocando um pão com mandeiga em suas costas e joga-lo para cima para ver se ele sai voando.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Ferozes Jagunços!

Em seus olhares a nação via o perigo... Mas eu vejo apenas o medo e a luta.

A nação não podia admitir, que uma pequena comunidade no sertão nordestino, servi-se de exemplo contra os ideais de modernidade do final do século XIX. O caudilhismo monarquico afrontava a nova republica, então deveria ser reprimida de qualquer forma. Os jagunços de canudos representavam um perigo para a ordem e para o progresso da nação brasileira. Uma comunidade conduzida por um doido fanático e formada por loucos violentos. Ali reinava a não razão, justifica-se assim o emprego da força, a reação dura e violenta, como forma de impor a ordem, de fazer triunfar a razão, a lei e a civilização. Estavam cometendo a maior chacina da história brasileira.

Canudos, visto como um antro de bárbaros tendo em frente Antônio Vicente Maciel, o Antônio Conselheiro, foi desta forma, aniquilada pelas tropas federais em 1897, após três empreitadas militares mau sucedidas. A terceira expedição era comandada pelo coronel Antônio Moreira César, considerado pelos militares homem de grande sabedoria em batalhas, foi morto pelos homens de Canudos. A quarta expedição do exercito conseguiu finalmente a vitoria, era composta por 10 mil homens e um canhão gigantesco chamado "A Matadeira". Todos os habitantes do arraia de Canudos morreram, os que foram presos, sendo estes homens, mulheres ou crianças foram sumariamente degolados.

Mas quem foi Antônio Conselheiro? Para as tropas federais e jornais do Rio de Janeiro foi um fanático religioso doido monarquista; para os homens de Canudos foi um profeta homem santo. Mas a história deve ver outras faces de conselheiro: o estrategista militar (Canudos resistiu a três expedições militares do exercido federal, contando apenas com armas simples) e o líder camponês marxista (a terra não tinha dono, era de quem trabalhasse nela, assim, todos tinham direito a terra para a sua própria subsistencia, sendo que também ajudavam a comunidade e recebiam ajuda desta).

Morreram em Canudos cerca de 30 mil pessoas, pelas mãos do "nobre"exercito brasileiro. Pessoas simples, que só queriam um solo onde plantar, colher e viver. No final, como mostra Euclides da Cunha em seu livro "Os Sertões":

"...Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados."

Assim, Canudos representa um exemplo de resistência e de organização popular, um projeto de vida comunitária e de luta pela terra. Terra que é até hoje negada, terra que é até hoje motivo de luta de movimentos populares.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Os Palavrões da Política Brasileira


Cavalaria em disparada em direção aos estudantes, gás lacrimogênio, bombas de efeito moral, estudantes sendo espancados... As Cenas de ditadura voltaram. A repressão da Policia Militar sobre estudantes que estavam fazendo protesto contra o governador do Distrito Federal, José Arruda (DEM) revelam o quanto e frágil nossa democracia. A Polícia diz ter reagido por que os manifestantes interromperam uma das avenidas da capital. Querem o que? Que os manifestantes protestassem na calçada? Agora não podemos mais protestar na ruas? Nem bloquear o transito para chamar a atenção das pessoas (e da mídia) a minha manifestação? Claro que não, estariamos interferindo no livre deslocamento, na ordem e no progresso brasileiro, afinal de contas, as avenidas são as artérias da nação. Ou seja, nada de ruas, agora vamos convocar o povo para as calçadas do Brasil.

Mas o que importa que um bando de estudantes comunistas e drogados apanharam da policia. A noticia agora é outra. Nosso presidente analfabeto, cego e bêbado, agora é também um bagaceiro. Onde já se viu falar palavrão e um discurso. Para você que não sabe amigo leitor, o nosso excelentíssimo presidente falou a palavra com M. Não entendeu leitor, então feche os olhos para ler esta palavra pois se trata de uma das mais cabeludas de nosso vocabulário. O Lula falou MERDA! Isso mesmo, MERDA. "Ele só fala merda!" poderia dizer um leitor tucano ou do demo (embora eu ache que não tenho nenhum leitor nesta categoria) mas não, não, o Lula falou a PALAVRA MERDA. "Poderia ter dito fezes, e assim preservaria nossas famílias de tamanha afronta aos bons costumes!" diria um moralista.

O interessante notar como a mídia desvia o foco para assuntos pouco pertinentes. Falar palavrão! Merda agora é palavrão? Que hipocrisia filha da puta é esta? Palavrão é espancamento, repressão ou corrupção, estas sim devem ser abolidas para sempre das práticas do estado brasileiro.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Groucho Marxismo

Quem seria o maior gênio da comédia no cinema? Na década de 20 e 30, dois nomes dividiam este titulo: Charles Chaplin e Buster Keaton. Os personagens dos dois atores e diretores, dependiam de sua pandemia muda. O humor de seus filmes basicamente se fazia através das chamadas gags, cenas onde o humor é feito através de corridas, quedas e fugas, onde as falas ou são inexistentes ou ficam em segundo plano. Embora os dois tenham feitos filmes falados, e ate terem contracenando juntos em "Luzes da Ribalta" de 1952, suas obras-primas são mudas. Keaton com seu "A General" de 1927 e Chaplin com "Tempos Modernos de 1936" (embora este não seja inteiramente mudo). Ou seja, seus personagens perderam muito com a novidade do cinema falado.

Desde a década de 70, outro ator e diretor merece destaque como gênio da comédia: Woody Allen. Ao contrario de Chaplin e Keaton, Allen não utiliza gags em seu humor, mas longos diálogos analíticos. Muitos de seus filmes falam sobre neuroses comportamentais do dia-a-dia. Um de seus últimos filme "Vicky, Cristina e Barcelona" de 2008 teve boa aceitação pela crítica, mas nada que se compare com seus melhores filmes como "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" de 1977 (o titulo original é Annie Hall), "Manhattan" de 1979, "Rosa Púrpura do Cairo" de 1985 ou "Crimes e Pecados" de 1989.

Talvez os três mereçam um texto em separado aqui na casa laranja, mas quero discorrer sobre outro ator de comédia: Groucho Marx.

Groucho Marx foi um comediante americano da década de 20 e 30, e é considerado como um dos grandes mestres do humor. Junto com seus irmãos (Harpo, Chico e Zeppo) formava o grupo "Marx Brothers", fazendo comédias teatrais na Broadway, satirizando instituições e a hipocrisia humana, através de musicas e frases marcantes. Os espetáculos dos Irmãos Marx se tornaram populares quando Hollyhood fez a mudança do cinema mudo para o cinema falado. O grupo assinou então um contrato com a Paramont e mais tarde com a MGM, realizando cerca de 20 filmes. Entre as obras-primas estão "Diabo a Quatro" (Duck Soup) de 1933 e "Uma noite na ópera" de 1935.

O nosso gênio do humor tem algumas características típicas, um andar desinibido, estar sempre com um charuto, e bigodes e sobrancelhas notavelmente pintadas, e é claro as suas frases geniais:

"O segredo do sucesso é a honestidade. Se você conseguir evitá-la está feito!"

"Inteligência militar é uma contradição em termos."

"O casamento é a principal causa do divórcio."


"Há tantas coisas na vida mais importantes que o dinheiro! Mas, custam tanto!"


"Para mim, a televisão é muito instrutiva. Quando alguém a liga, corro à estante e pego um bom livro."


"Nunca me esqueço de um rosto, mas, no seu caso, vou abrir uma exceção."


"Eu não freqüento clubes que me aceitem como sócio."


"Eu pretendo viver para sempre, ou morrer tentando."


"A grande maioria das mulheres não aprecia variações promiscuas, ou tive muita pouca sorte."


"Um gato preto cruzando seu caminho significa que ele está indo a algum lugar."


"Todo mundo precisa crer em algo. Creio que vou tomar outra cerveja."


"Atrás de todo homem bem sucedido, existe um mulher. E, atrás desta, a mulher dele."


"Do Momento em que peguei seu livro até o que larguei, eu não consegui parar de rir. Um dia pretendo lê-lo."


"Por que eu deveria me preocupar com a posteridade? O que ela já fez por mim?"

"Justiça militar está para justiça, assim como música militar está para música."

"Estes são meus princípios. Se você não gosta deles, tenho outros!"


Groucho Marx