domingo, 25 de outubro de 2009

A Leveza e o Peso

Uma ideia que me fascina e a de uma conjunção entre filosofia, politica, literatura e sexo. Nestas perspectivas, o livro de Milan Kundera, intitulado A Insustentável Leveza do Ser, publicado em 1984 mostra de uma forma apaixonante esta harmonia. A história se passa em Praga e em Viena, em 1968. Narra os amores e relações, principalmente através da ótica do imaginário de quatro pessoas: Tómas, Teresa, Sábina e Franz. A obra também mostra o clima de tensão politica que pairava em Praga, permeada pela invasão Russa à checoslováquia, episódio conhecido como a Primavera de Praga.

O autor do livro "A Insustentável Leveza do Ser", Milan Kundera.

Kundera utiliza conteúdos filosóficos em seus textos. Seu estilo narrativo por vezes sai da história em si, e leva para um comentário, esclarecendo o leitor sobre o terreno filosófico e psicológico em que a história se desenrola. As referência a autores da tradição filosófica como Nietzsche e Parmênides situam o enredo do romance, submetendo as situações narradas à uma análise filosófica.

A ideia da dualidade ontológica vem do filosofo pré-socrático Parmênides. Segundo ele, o universo está dividido em partes contrarias: luz/trevas, quente/frio, o ser/o não ser... Ele considerava que um dos pólos da contradição é positivo (luz, quente, o ser...) e o outro e negativo. Na contradição leveza/peso, Parmênides respondia que o leve é positivo, e o pesado é negativo. Porem, na sua obra, Kundera submete esta ideia a uma investigação: "Parmênides teria a razão?". O que escolher? O peso ou a leveza?

Kundera Diz: "O mais pesados dos fardos nos esmaga, verga-nos, comprime-nos contra o chão. Na poesia amorosa de todos os séculos, porém, a mulher deseja receber o fardo do corpo do masculino. O mais pesado dos fardos é, portanto, ao mesmo tempo a imagem da realização vital mais intensa. Quanto mais pesado é o fardo, mais próxima da terra esta nossa vida, e mais real e verdadeira ela é.".

Sobre a leveza, o autor comenta: "...a ausência total de fardo leva o ser humano a se tornar mais leve que o ar, leva-o a voar, a se distanciar da terra, do ser terrestre, a se tornar semi-real, e leva seus movimentos a ser tão livres como insignificantes.".

Para esboçar esta ideia, Kundera utiliza o personagem Tómas como a metáfora do leve, e Teresa como a metáfora do Peso. Tómas, levava uma vida sem comprometimento politico ou afetivo, até conhecer Teresa. A partir de então Tomas experimenta o peso opressivo do engajamento.


Kundera apresenta também a ideia do eterno retorno da filosofia nietzscheana, um escapismo para o arrempedimento que pode decorrer da escolha entre a leveza e o peso. A ideia diz respeito à possibilidade das situações existenciais repetirem-se indefinidamente no tempo, por força de uma finitude das possibilidades frente a infinitude do tempo. "O mito do eterno retorno afirma por negação, que a vida que desaparece de uma vez por todas, que não volta mais, é semelhantes a uma sombra, não tem peso, está morta por antecipação, e por mais atroz, mais bela, mais esplêndida que seja, esta atrocidade, essa beleza, esse esplendor não tem o menor sentido". A ideia do eterno retorno assume então uma espécie de convite a vida, já que esta não tem nenhum sentido, e esta fadada ao esquecimento e a desaparecer.

Desta forma, o escolha entre a leveza e o peso torna-se, segundo Kundera a mais misteriosa e ambígua de todas as contradições humanas.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

As Ciências Sociais e a Formação Crítica - Parte 2

Paulo Freire, autor do livro "Pedagogia da Autonomia".

É função das ciências sociais também o de ensinar o caminho das pedras, ou seja, dar subsídios na busca de informações. A mídia interativa (Internet) é um importante meio nesta busca, pois ela proporciona certa autonomia ao individuo, diferentemente de outras mídias passionais como a televisão e o rádio. Assim, a função do educador em ciências sociais é levantar o diálogo com relação às informações que a mídia apresenta, e auxiliar na busca de informações pertinentes.
A formação de indivíduos críticos deve ser a base do fundamento das ciências sociais. A constituição de sujeitos autónomos, que construam seus próprios conceitos e argumentos em defesa dos mesmos. Esta formação só é possível através da problematização do conteúdo por parte do educador. Os conceitos construídos através da reflexão das problemáticas criadas devem ser socializados e sistematizados, contribuindo desta forma para uma visão critica e qualificada da sociedade.
A ciência social, para atingir esta função crítica capaz de fazer uma análise da realidade, precisa incentivar a pesquisa, habilidade necessária para qualquer aquisição de conhecimento. Somente a pesquisa, a observação dos fatos, o confronto de informações fará que o discente chegue a uma visão consciente da sociedade.
A formação crítica não pode ser feita a distância de uma formação ética. O profissional em educação precisa assumir valores éticos como elementos imprescindíveis na constituição dos sujeitos. A ética a que me refiro, não é a da obediência aos interesses das classes opressoras, mas a ética universal, a humanista, que condena a hipocrisia, o cinismo e o preconceito.

domingo, 18 de outubro de 2009

No Terceiro Rugido do Leão

Baseada no romance infantil de L. Frank Baum, escrito no fim do século XIX, O Mágico de Oz é um clássico eterno e um dos grandes contos de fada do cinema. Sua popularidade foi impulsionada na década de 50 por conta de suas exibições natalinas na telivisão americana, o que tornou o filme um dos mais queridos de todos os tempos. Dirigido por Victor Fleming, o filme de 1939 conta a estória de Dorothy Gale, interpretada pela atriz Judy Garland (com os seios presos numa cinta para parecer mais jovem), que junto com seu cão Totó é arrancada do Kansas (em tons sépia) por um tornado e vai para a terra de Oz (representada nas cores vibrantes do tecnocolor). Dorothy então segue pela Estrada de Tijolos Amarelos em direção a cidade esmeralda, para encontrar o Mágico de Oz e pedir que ele mostre o caminho de volta para o Kansas. No caminho juntam-se a Dorothy, o Espantalho, o Homem de Lata e o Leão.

O Mágico de Oz, filme da MGM de 1939.

Dark Side of the Moon (o lado sombrio da lua) é um álbum conceitual de 1973 da banda inglessa Pink Floyd, que fala sobre pressões da vida, como tempo, guerra, dinheiro, loucura e morte. É considerado por muitos críticos como sendo a obra prima da banda. O álbum foi um marco do rock progressivo e psicodélico, sendo o nono disco mais vendido de todos os tempos.

Capa do disco Dark Side of the Moon do Pink Floyd.

Em agosto de 1995, um jornal em Fort Wayne, indiana, publicou um artigo sobre um efeito surprendente relacionado ao álbum de 1973 do Pink Floyd, e o filme de 1939, O Mágico de Oz. O efeito ficou conhecido como Dark Side of the Rainbow (o lado sombrio do arco-íris), e consiste numa sincronia entre os dois. Quando o filme começa, e o Leão da Metro-Gold-Mayer dar o seu terceiro rugido, e neste momento dar-se play no disco, uma mágica acontece! O efeito reside no fato de que há diversos momentos em que uma obra corresponde a outra, seja por parte das letras das músicas ou pela sincronia áudio-visual. A própria capa de Dark Side of the Moon que traz um prisma com um feixe branco e outro multicolorido saindo de suas extremidades, seria referência a mudança de cor do sépia do Kansas para o colorido de Oz.

Os membros do Pink Floyd repedidamente insistem que o fenômeno é pura coincidência. Numa entrevista em 1998, o guitarrista e vocalista David Gilmour negou que o disco foi feito intencionalmente para ser sincronizado com Oz, diznedo que "algum cara com muito tempo livre teve esta ideia de combinar O Mágico de Oz com Dark Side of the Moon".

Intencional ou não o fenómeno Dark Side of the Rainbow se tornou um cult psicodelico e merece ser apreciado.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

As Ciências Sociais e a Formação Crítica - Parte 1

"Nós não precisamos de nenhum controle."

Hoje é dia do professor, esta classe tão prestigiada em nosso país [Ironia]. Como todos sabem, a educação esta em crise no Brasil desde que Cabral achou as terras tupiniquins. Claro que tivemos vitorias nesta longa caminhada do ensino brasileiro, conquistamos o direito a educação básica (ensino fundamental e médio) e nos últimos anos o ProUni, dando a oportunidade de diversas pessoas ingressarem no ensino superior. Porém, a educação no país enfrenta dificuldades quanto a sua qualidade. Professores com sálarios baixos, enfrentando turmas de até 40 alunos! [né dona Yeda] A dificuldade no ensinar é evidente. O texto abaixo foi publicado no Caderno Unijuí - Laboratório de Ciências Sociais no.3, organizado pela turma de estágio curricular supervisionado: a escola. O texto é grande então tive que separá-lo em partes. Não perca as próximas.


Qual a função das ciências sociais na escola e dos componentes curriculares que fazem parte desta área do saber? Qual a contribuição na fomação do individuo? Como pensar a ciências social no contexto de sociedade globalizada e neoliberal em que estamos inseridos? Onde a formação tecnológica se torna mais importante que a formação crítica, ética, politica e cultural?

A globalização e o desenvolvimento da tecnologia da comunicação trouxeram uma série de informações provenientes de vários espaços. Este paradigma que deveria ser benéfico, por apresentar aos discentes uma gama muito grande de opiniões, se tornou um problema, pois quem controla os principais meios de comunicação são os neoliberais, que baseiam suas infomações na ideologia do consumo e na apolitização do povo.

A ciência social tem, neste sentido, o objetivo de gerar a discução sobre os assuntos que a mídia repassa. O discente tem que saber que as infomações que os meios de comunicação transmitem, podem defender interesses de certas classes, principalmente das classes dominantes, e por isto, serem falsas e omissas. O papel do docente em ciências sociais é o de desmitificar a mídia, conscientizar que a mídia não é dona da verdade.

"O que importa é discutir as mensagens para controlá-las em suas muitas possibilidades de interpretações. Em especial, impõe-se a eliminação do isolamento dos receptores individuais pela auto-organização deles no processo de aprendizagens coletivas". (MARQUES: 1999, p.83).

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Bem Vindos a Casa Laranja


Este é um espaço onde eu, na minha humilde intelectualidade, vou expor um pouco das minhas produções textuais, pesquisas e ideias. Espero que gostem, vou tentar mante-lo sempre atualizado. Estou aberto a criticas e sugestões.