domingo, 20 de dezembro de 2009

Ferozes Jagunços!

Em seus olhares a nação via o perigo... Mas eu vejo apenas o medo e a luta.

A nação não podia admitir, que uma pequena comunidade no sertão nordestino, servi-se de exemplo contra os ideais de modernidade do final do século XIX. O caudilhismo monarquico afrontava a nova republica, então deveria ser reprimida de qualquer forma. Os jagunços de canudos representavam um perigo para a ordem e para o progresso da nação brasileira. Uma comunidade conduzida por um doido fanático e formada por loucos violentos. Ali reinava a não razão, justifica-se assim o emprego da força, a reação dura e violenta, como forma de impor a ordem, de fazer triunfar a razão, a lei e a civilização. Estavam cometendo a maior chacina da história brasileira.

Canudos, visto como um antro de bárbaros tendo em frente Antônio Vicente Maciel, o Antônio Conselheiro, foi desta forma, aniquilada pelas tropas federais em 1897, após três empreitadas militares mau sucedidas. A terceira expedição era comandada pelo coronel Antônio Moreira César, considerado pelos militares homem de grande sabedoria em batalhas, foi morto pelos homens de Canudos. A quarta expedição do exercito conseguiu finalmente a vitoria, era composta por 10 mil homens e um canhão gigantesco chamado "A Matadeira". Todos os habitantes do arraia de Canudos morreram, os que foram presos, sendo estes homens, mulheres ou crianças foram sumariamente degolados.

Mas quem foi Antônio Conselheiro? Para as tropas federais e jornais do Rio de Janeiro foi um fanático religioso doido monarquista; para os homens de Canudos foi um profeta homem santo. Mas a história deve ver outras faces de conselheiro: o estrategista militar (Canudos resistiu a três expedições militares do exercido federal, contando apenas com armas simples) e o líder camponês marxista (a terra não tinha dono, era de quem trabalhasse nela, assim, todos tinham direito a terra para a sua própria subsistencia, sendo que também ajudavam a comunidade e recebiam ajuda desta).

Morreram em Canudos cerca de 30 mil pessoas, pelas mãos do "nobre"exercito brasileiro. Pessoas simples, que só queriam um solo onde plantar, colher e viver. No final, como mostra Euclides da Cunha em seu livro "Os Sertões":

"...Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados."

Assim, Canudos representa um exemplo de resistência e de organização popular, um projeto de vida comunitária e de luta pela terra. Terra que é até hoje negada, terra que é até hoje motivo de luta de movimentos populares.

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